Dentre os aprovados no vestibular de 2010 para curso de Letras da Universidade Federal do Ceará, encontra-se a Geise Castro de Sousa Sales, uma garota batalhadora que mesmo com tantos acontecimentos contrários, conseguiu essa vitória. Afinal, em meio ao seu tratamento de câncer, que começou em 2004, na Associação Peter Pan, conciliava tempo e disposição para os estudos. Saía do Liceu ao meio dia e ainda percorria 19 quarteirões a pé para fazer um cursinho no período da tarde. A vontade de conquistar era maior que o convite do cansaço à desistência. Veja a seguir um pouco do que ela diz!
APP: Como você fez para conseguir esse feito?
Geise: Bom, percebi que deveria fazer um estudo para reforçar o que eu estava aprendendo e fui atrás de conseguir uma bolsa do cursinho pré-vestibular em um colégio particular de pelo menos 50%. E consegui! Mesmo com a dificuldade que minha mãe tinha para pagar o restante, apertamos o cinto e seguimos em frente. Na verdade, minha mãe é uma heroína, pois se desdobrava para atender essa minha vontade. Se eu não desistia, não seria ela que iria desistir.
APP: Como você conseguiu conciliar os horários de estudo?
Geise: Ficou muito cansativo para mim porque entrava no colégio ás 7h e saia ás 11:40h, almoçava por lá mesmo e depois andava 19 quarteirões para chegar ate o cursinho, lá eu entrava ás 13:30h e saia ás 19h. Chegava em casa muito cansada às vezes até com vontade de desistir mais quando amanhecia o dia eu pensava e refletia: tenho que ter coragem para conseguir o que eu quero. Que era passar no vestibular!
APP: E quando chegou perto da prova?
Geise: Como não tinha forças para estudar no período da noite em casa, eu estudava somente no colégio e no cursinho, no dia da prova do vestibular fui fazer a prova muito ansiosa e insegura. Saindo o resultado uma amiga me ligou e disse que eu tinha passado na 1° fase, logo veio à minha mente todas as dificuldades e com isso consegui mais garra para estudar e passar na segunda fase.
APP: E como foi na segunda fase?
Geise: chegando nessa etapa final, que era a segunda fase, não deixei de ficar ansiosa e insegura, mas fui em frente.
APP: E quando você ficou sabendo que passou na segunda fase?
Geise: Fiquei sabendo por outra amiga, quando ela me falou não acreditei, comecei a chorar, passou um filme na minha cabeça de todo sofrimento e dificuldades no decorrer do ano, na luta contra o tempo para estudar, mas consegui.
APP: A o quê você atribui essa vitória?
Geise: Ter passado no vestibular foi mais uma prova de Deus para que eu continue vivendo e hoje vejo meus problemas como um aprendizado. Resumindo, senti uma sensação de superação. É muito compensador olhar pras trás e ver o que eu já passei, tanto sofrimento e hoje estou aqui, feliz e vendo a vida de um modo diferente. Quando passo por um problema eu busco Deus e sinto a presença dele em mim, Ele é meu alicerce.
APP. E a sua história com a APP?
Passei dois anos e 8 meses em tratamento na Associação Peter Pan e aqui não encontrei colaboradores nem voluntários, encontrei verdadeiros anjos, fui muito bem atendida, muito bem tratada, e assim foi mais fácil passar por o tratamento. Eles, da APP, procuram e acham uma maneira de aliviar nosso sofrimento. Quando estava perto para eu ter alta, contava os minutos e os segundos quando finalmente saiu o resultado que eu estava praticamente curada. Só precisava vir de dois em dois meses para fazer revisão. Hoje, estou vindo de seis em seis meses para fazer o tratamento ambulatorial. Nossa! Foi uma alegria indescritível, foi muito mais que dever cumprido, foi uma vitória.
Por isso, quero agradecer a Associação Peter Pan por existir e por me dar essa oportunidade de mostrar que ninguém pode desistir da vida, que lutem, porque a vida é pra se viver!
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